Preciso te contar com calma
Essa história de te querer
Além do autorizado pelas contas
Do mar, dos caminhos, e do céu.
Prefiro te iludir com canto
De pássaro, ou vaca, ou sonho,
Originalidades mineiras, farinha,
Fina camada de tanto em cada,
Do que tentar desfazer
- só para mostrar como –
As ataduras do peito.
Melhor abrir o sorriso dos lagos
Repetir o recado da terra
Abanar a escolhida amendoeira
E ficar a olhar para ti.
Provar as certezas do cego,
Virar os canhões para a lua,
Limar as venturas dos lidos
Desventrar a chave da loucura.
Seguro é cogitar um divã de floresta,
Aumentar a gaiola dourada,
Cimentar o passado do riso,
Construir o cabelo na espuma.
De mim e ti no instante, eu soubesse
Proporia um pecado acertado,
Deixaria o lagar pelo espaço
Fingimento incompleto, roubado.
Ai, menina da praia, regresso
Não queiras saber mais que eu
Disso, não.
O bom deste acontecimento nocturno
É um surdo a dizer pela Lapa
Em francês – porque o amor chama estilo –
E eu fingindo acordado e
Palmeiro, de bravo, ao segundo.
Se soubesses o que pulsa no ventre,
E por acaso dá eco no fundo,
Terminaria tremendo a janela
Porque chão não caberia no mundo.
(2014)
Sem comentários:
Enviar um comentário