terça-feira, 9 de julho de 2013

A puta

A Puta

A morte é uma puta. A pior puta. A puta do não prazer, a puta do não. Puta que sorri com os mesmos dentes que trinca. Puta que nunca beija, mas faz de conta, puta que brinca, puta que cheira mal. Puta que não se moderniza, que só muda de roupa quando tem mesmo que ser - Puta que insiste. É das putas mais putas a Puta mais cara – a que tira, sem chocalhar, tudo o que custou a colher. É uma puta que não tem. Mas também não deixa ter.

Puta dura, que não se comove, que não escolhe cliente, mas gosta de ir baralhar a fila. Puta sem chulo, ou de chulo demasiado ausente - eu lá sei de negócios do Universo - puta que faz o que quer.

Puta de rua, de casa, de salão de palácio, de escritório, de vão de escada, puta de todos os lugares. Dir-se-ia hoje puta online. Puta sempre em rede.

Nunca mais digo “puta da vida”. Não há puta da vida, são ramos diferentes, Semelhanças, só no Carnaval do medo e da doença.

Esta puta é um travesti. Joga o jogo, disfarça bem, e na hora, sem quereremos, fode-nos com tudo o não sabemos, mas tem.

Nunca fui às putas, não sei do que falo. Nunca morri, não sei do que falo. Mas Já as vi do outro lado do passeio e já senti a puta mestra a passar de encosto.

Ouve-me bem, e decora pelos milénios: se assim puta e feia como és te der para seduzir um dos que amo, mato-te. Repito: olhos-te nesses olhos com lentes secas e mato-te. Não me canso: esqueço que sou como sou um grande manso: e mato-te outra vez.

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