segunda-feira, 8 de julho de 2013

O amante que já foi

Eu sei lá porque te quero, sei lá se és linda ou louca,
Só sei que me deixas surdo e que a ti te deixas rouca.
Sei lá porque só brincas brincadeiras de cinema,
Só sei que lixas a sala enquanto eu lixo este poema.
Sei lá se encantas os tipos, as cervejas e os
moxes,
Só sei que tens fama de tudo e tudo tem fama de broches.
Sei lá se essa cara se agita com a suspeita de engate,
Só sei que fica aflita quando o meu tijolo late.
Sei lá dos desafios dessas coisas de ser grande,
Só vi é gente demente a tentar ser gente que mande.
Sei lá porque assobias tão mal quanto cozinhas,
Só sei que te agarro os cabelos e as quenturas são minhas.
Sei lá do que é feito o sumo, o veneno, a prosa,
Só sei que te chega uma lapada, uma lambada e uma rosa,
Sei lá porque afastas da gente com ares de quase perfeita,
Só sei que matas a língua e quando a mordes, bem-feita.
Sei lá se semeias searas, se tens gaivotas no pelo,
Só sei que me mentes mal e que um filho nunca
tê-lo.
Sei lá se te sentes vazia porque te amo ao contrário,
Não me contes, puta, não digas. Eu não sou nenhum rosário.
Sei lá se te sentas de lado por causa do sol que já vai,
Eu só sei que a alma entrou, mas não é alma o que sai.
Sei lá se vestes vermelho porque hoje é dia de festa,
A minha vida é um sonho enorme, tu és só uma sesta.
Sei lá se te mata o destino, ou se me matas a mim.
Escrever mais não escrevo. Já chega mulher. Fim.


(2011)

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