quarta-feira, 5 de março de 2014

Natal não é todos os dias

Natal não é todos os dias, mas é nos dias realmente bons, que não chegaram a ir.
Dia que queira ser Natal tem que ser grato e atento e nunca sozinho. Dia que queira mesmo Natal no corpo, dispensa decoração, o frio a ideia. Fica-se por sentir sensações simples, o abraço, a mão, e não disfarça sua abrilisse, o seu junianismo, porque, finalmente, não precisa. Dia que queira ser Natal chama estrelas ao almoço e vê reis nos que passam. Dia que queira ser natal nasce pobre, a meio do caminho, treme depois porque sabe que está sendo, mas não se deixa deslumbrar. Dia que queira ser Natal tem que perdoar os outros dias, o barco que virou, a vela que ficou, a injustiça das tradições e a leveza do pecado. Dia que queira ser Natal desfaz o pão e constrói o homem sem esforço, diz com sombras chinesas ou nem diz. Dia que queira ser Natal não conta. Não se conta – irresumível -não olha o relógio de parede e percebe que o bom é brincar depois rir, estar perto.
Dia que queira ser Natal toca nas rugas, muito adulto quando criança muito bebê quando crescido, dispara luz contra o tempo e espera, sem ansiedade, um milagre.

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