quarta-feira, 15 de julho de 2015

Aos amigos casados

Carta de quem não sabe, mas pressente.

Não deixem de dizer. Quando custa, quando dá medo de desequilibrar, não deixem de dizer. No escuro tudo pode ser bom, ou desfalecer.  

Incluam, adicionem, multipliquem. Não dividam, não julguem além da conta:  não ao não é o slogan campeão. Crianças e ser jovem, ficar e viajar, receber e ir, pensar no futuro e estar inteiro aqui. 

Lista de desejos publicada na porta! Lista? Na porta? Sim. Porque a gente esquece-se de anotar e esquece-se de contar e passa um vento que leva, e vem um susto que bloqueia.  Só estamos cá uma vez.

As crianças também. Não as crianças porém. Se não for possível viver sem filhos não é possível viver com filhos. Faz sentido?  Nascemos para renascer na memória, mas não há memória sem história. Reviver presume viver.

Aprender, separados ou juntos, ter um grande espanto para contar, não só um lamento, um episódio de revista, uma alegria aquecida no micro-ondas. Aprender. Forró, violão, pintura, salto em para-quedas, leitura dinâmica, balet, canto erudito, dança regional, cerveja artesanal, prova de vinhos, culinária tailandesa, costura estilo princesa. Os tempos de estudante são bons pela liberdade, mas também pela novidade. Expandidos somos mais sexy e somos mais nós. 

Pacto da loucura. Pacto de desprezar as convenções e o mais chato dos chatos. Pacto para o inesperado, para o seja o que deus quiser, para questionar deus às gargalhadas, ´para ficar ao sol além do tempo permitido pelo regulamento, pacto para não sobreviver a tudo penteado. 

Planos para a segunda metade da vida. Que é uma invenção maior que a invenção da primeira parte. Que pode ser mais confortável ou menos, mas é nossa e tem tic tac e agita os pelos  do braço se é comunhão e dura além de uma suposição ou das normas do ministro. Planos para distribuir sopa na rua e para mudar de rua. Planos para criar cavalos e conduzir pela Europa fora. Planos de ver todos os grande filmes do século ou plano para juntar-se a uns doidos que prometem revolucionar as coisas do século que vem aí.

Criar amigos como quem seduz. Criar uma rede de ternura. Perceber que há dias de vazio e é preciso mesa farta. Há dias de dilúvio e é preciso Noé. 
Não separar homens e mulheres, não ser a velhinha que repete o mesmo papel de revista até o último jantar. Misturar. Ser homem e mulher. Adorar a porcaria corajosa que sai dos homens e o veneno adocicante. E achar esta última frase ridícula e não deixar o preconceito virar o conceito da exposição interativa que abrimos há anos atrás. 

Ai ai! Vocês é que sabem. Eu só pressinto.
Beijos e abraços largos e soltos como andorinhas no Verão
Vosso amigo

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