quarta-feira, 15 de julho de 2015

Do cigarro

Pela terceira vez a russa do cigarro:
O que não haverá ainda por aí que nem vi?
Lendas no túnel, resgate e selva,
Fim-de-mundo anunciado se bebi.

Danças fundadas em choro virgem,
Serpentes meigas dribladas, claras,
Diamantes negros encrostados no muro,
Banco onde cantaram Sylvinhas, Naras

Precipícios mais a ideia de voar,
Calendários coloridos a cinzel cometa.
Príncipes estatuados na ideia de ficar,
Automóvel no navio, isco na carreta.

Vestígios no perdão, que nem podia,
Cidade velha vestida de assobio
Palhetas celtas ruivas pelo ar.
Também Deuses inseparáveis do Rio

Campanas de tango e cerveja quente,
Armadilhas desativadas na tradição,
E neves, quase nada, a matar sede:
Uma Lua de Saturno onde sempre é Verão

Neves, quase tudo, a salvar o azul,
Documentos e vivas jogados da janela,
Rochedo onde a orquestra para e dança,
Templos de Gepeto e baleia tagarela.

Se só há um ovo no reino inteiro,
Como há reino inteiro num só ovo?
Perfeito era parcelar os meus segredos
Como quem se confessa em Moscovo.

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