sexta-feira, 21 de junho de 2013

Álbum

Gosto daquela fotografia em que estás assim meia, não sei como, tu. Parece que quase ris enquanto quase dizes: está quase. Deixas que os cabelos se intrometam e não reclamo, faz parte. O fim da tarde comenta baixinho o princípio da nossa esperança, e não duvida a criança: quer o sumo teu ou meu.
Gosto do retrato tic-tac-restaurante-vazio, pensamento vadio aconchegado na pedra. Das histórias do Sr. Avental, típicas, irremediáveis, certeiras. Da coisa esquecida que nos faz percorrer mais uma vez e outra o caminho mágico.
Gosto da escultura-silêncio que o piano desafinado moldou para nossa companhia. E gosto do chachecol-poesia, agasalhando os sentidos. Por nos ver despidos a noite corou, uncometa subiu, uma estrela dançou.
A verdade nem sempre anda por aqui. Mas uma sombra passa e dizes: “eu vi”!

(2006)

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