segunda-feira, 24 de junho de 2013

Era outra coisa

Por um fio se perde ou se ganha, se desvia ou se encontra, se mata ou deixa viver. No tempo da verdade, o prometido, havia um homem sentado a mexer na terra e olhos prontos a viajar com o vento. No tempo da verdade, esquecidos que estamos do sonho, havia corropios de gente grande e tremendas decisões dos miúdos na rua. Não se pensava em castelos, nem outras defesas, nem noutros degraus. O dia pintava-se de branco e deixava-se sujar pela manhã, distraído.

No tempo da verdade, se tens espelho que vejas de frente, não havia rasteira sem amparo, nem beijo sem beliscão. Na tua mão, nesse tempo, contavam-se histórias de grandeza de mar-alto e suavam-se desejos, como um medo a derreter. 

No tempo da verdade, a escola de pedra da gente era a escola de todos e o mestre zarolho, despenteado, brincava às coisas de contar e recortar até adormecermos inteiros. Não havia tempo para o absoluto, no tempo da verdade. Tudo podia ser e nós achávamos graça.

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