Atiro-me ao dia de barriga para baixo. Deixo chegar o cansaço sorridente e tudo pouco ou quase nada me importa. Escuto uns zumbidos vizinhos e penso em orquestrá-los só para ti. Estou de bem com o absurdo do mundo e ele, meio por favor, tolera a minha resignação pachorrenta.
Há uma rede esperando espreguiçar e um abandono feliz no vinho que não acabou. Há balanço de arrasto nos pés e nos ombros prontos, exaustos, sem dono. Há fadigas, cantigas, cartas por escrever espalhadas no chão. Há línguas enrolando a espera até a deixar tonta. Há terra cheirando a terra e um sonho banal com vista para o mar. Há aquele trago doce nas palavras inúteis e nossas e eternas. Há um esquecimento que valseia suave para nos vir beijar a pele. Há mais do que queira, do que possa contar.
Sei menos, sou mais. Acho que desaprendi a palavra adeus.
Sem comentários:
Enviar um comentário