sexta-feira, 21 de junho de 2013

Cantiga que não foi

És cidade mais antiga
Do que o nome que te chamo.
És perfume de oceano, és luar.
És cantiga descontente,
És a sombra sorridente
E um sono adormecido a despertar.

Do recado que se espalha
Sobra o brasão, a talha,
O barco que já não chega mas sai.
Um truque sempre engraçado
De seres nosso e seres passado,
Um milhafre ferido que não cai.

Na viela mais escura
És o passo bem seguro
E a curva sem razão.
Um destino enviesado
Ou abraço cruzado
Em noite de solidão.
És o grito que se canta,
És o Douro em flor.

Porto de abrigo
Inimigo só de quem não vai.
Além si, além da dor, além do medo e trai.
O próprio sonho.

Porto de abrigo
Casario, margem, riso, lar
Prenda da história que o destino quis desembrulhar.
Fico contigo.

(2006)

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