domingo, 23 de junho de 2013

Sofia

Eu gosto de Sofia.
Sofia é bonita.
Não tem olhos de céu, nem de mar,
É outra coisa.

Sofia tem saudades de não pensar.
De ser só bonita e menina
E andar mais ao sabor do vento
Que das horas.

Sofia é de dia o que é de noite
Em espanto e dor.
Maciça demais para a falta de rugas.
Severa demais para um sorriso assim.
Contida demais para tanta luz.
Demais.

Naquela tarde hei-de puxar Sofia
Ela há de levar-me:
Há de falar-me de fantasmas
E de medos e desejos.
Há de confessar os meus pecados
Até ficar baralhada o bastante;
Há de corar por uns instantes.

Há de por as mãos na terra.
Há de mergulhar na terra,
E lembrar-me entre dentes
que somos mortais

Sofia há de decidir ir ao Evareste
Ou à Lua. Ou ao sonho, sem voltar.
Há de gritar a decisão.
e baixar as armas, devagar;
Bocejar o cansaço de guerreira.

Sofia desconfia de tudo isto.
De que esta tarde espreita, pertinho.
Mas não quer saber.

Mulher cedo demais:
E que mulher!

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