sábado, 15 de junho de 2013

Com cartão

Queremos fazer um país sensato
Certinho, limpo, todo transacto
Que dê para mostrar aos amigos.
Queremos destapar os umbigos:
Um piercing de modernidade
Queremos dar a queca à cidade,
Sem látex... o tal preservativo,
Queremos um presidente activo.
Esconder euforias, espirrar suave
Senão migrar, construir uma nave.
Queremos vigaristas de Channel
E tornar museu o nome Manel.
Queremos chique a Torre do Tombo
Como redenção, tocaremos no bombo.
Queremos os títulos, a craveira.
Mas assistimos de pé se não há cadeira.
Queremos barato vindo da China.
Que fale francês ainda a menina.
Que fique na foto o dia primeiro.
E que a saudade venha com dinheiro.
Queremos mudar a bandeira, a cor,
Um fado ligeiro, sem mágoa ou dor.
Que a seta no escuro seja certeira
E uma Casa Branca à la Siza Veira.
Queremos uma bucha que mate fome.
E navegações? agora só ponto com.
Não somos de marca. Queremos igual.
Alguém comprasse, vendíamos Portugal.

(2006)

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