quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Ainda

Sabes que ainda te espero no mesmo lugar onde te imaginei - cama-calor-mundo-pode - não sabes? 
Guardo planos para transformar o continente velhinho, para piscar o olho as italianas perto de ti, para segredar ao Papa sem confessar e dizer que estou sem tempo para salvar o meu país.
Planos de redesenhar a distância entre aqui e Vera Cruz, de arrepiar russos com a canção do Chico, de devolver ao Carlos Drummond as sem razões do amor, de ganhar jeito para crianças, de dizer bom apetite para a mesa larga, de questionar à escala-Albert.
Ainda fico a rabiscar no livrinho para mostrar-te, a rasgar coisas antigas invés de adeus, a desfazer nós para fingir paciência, a treinar a primeira parte da primeira do Villa. Ainda conto histórias de um tempo que nunca saiu do teatro, de vinte dias na sombra, de praças vem-cá-quero-tudo-e-é-agora. Sabes não sabes?

Ainda te desinvento para me controlar. Para parecer civilizado, adulto e todas essas coisas que no fim da noite desprezo. Ainda te desinvento para poder olhar no espelho sem esperar que chegues por trás e me dês um beijo e sorrias. Como naquele filme.

(2012)

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