Sabes que ainda te espero no mesmo lugar onde te imaginei -
cama-calor-mundo-pode - não sabes?
Guardo planos para transformar o continente velhinho, para piscar o olho
as italianas perto de ti, para segredar ao Papa sem confessar e dizer que estou
sem tempo para salvar o meu país.
Planos de redesenhar a distância entre aqui e Vera Cruz, de arrepiar
russos com a canção do Chico, de devolver ao Carlos Drummond as sem razões do
amor, de ganhar jeito para crianças, de dizer bom apetite para a mesa larga, de
questionar à escala-Albert.
Ainda fico a rabiscar no livrinho para
mostrar-te, a rasgar coisas antigas invés de adeus, a desfazer nós para fingir
paciência, a treinar a primeira parte da primeira do Villa. Ainda conto
histórias de um tempo que nunca saiu do teatro, de vinte dias na sombra, de
praças vem-cá-quero-tudo-e-é-agora. Sabes não sabes?
Ainda te desinvento para me controlar. Para parecer civilizado, adulto e
todas essas coisas que no fim da noite desprezo. Ainda te desinvento para poder
olhar no espelho sem esperar que chegues por trás e me dês um beijo e sorrias.
Como naquele filme.
(2012)
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