domingo, 10 de novembro de 2013

No dia em que te esqueci

No dia em que eu te esqueci falei contigo de coisas da vida e calei raivas minúsculas.
Lá fora não chovia, o que é bom sempre, e fiz coisas até tarde - o que é mau para o dia seguinte ao dia em que te esqueci.

Olhei uma montanha de livros que nunca saberei, de vidas próximas por beijar, de distâncias que sobem e descem por pedalar, e foste. Cheirei o perfume e gostei de novo, cheirei o vinho e percebi porquê, deixei a chave noutra mão - já confio.
Lembro perfeitamente da roupa que não pude trazer, da foto de que fugi enquanto não fugi de ti , nesse minuto em que te encarei e achei bonita-inteligência, e divertida, e nobre e desadequada à minha morada.
Na morada tem que viver quem fica à vontade, e chora e adormece durante filme perfeito, partilha pensamentos absurdos e quase morre de dor com grandes injustiças. Namorada tem que viver quem não faz sentido para todos, quem não moraria nunca num sentido só.
No dia em que te esqueci ,comecei uma coleção se desabituou rápido e ganhei um espaço que daria para criar gado, flores e luz. Achei maravilhoso se tivesse sido para ser e sorri só meio triste porque não foi.
Reli a lição do Miguel, talvez pela quinta vez. Achei a mais sábia de todas.

(2013)

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