domingo, 10 de novembro de 2013

Nestes dias

Nestes dias de outro cheiro ventado
Vamos emigrar para uma estrela
Destratar as memórias por faltar tanto ainda,
Brincar de quem sorri por último sorri de cor.

Nestes dias de muita estrada e calo,
Vamos semear tempo no cobertor, à janela,
Provar com poucos, anotar tanto
Ser sonâmbulos, mão siamesa e cigarro.

Nestes dias de todos os santos, se minas,
Vamos eleger novas casas de acordar
Desalojar o medo, pixar a sorte - sem dó -
Viver escondidos da filosofia.

Nestes dias de adivinhança verde e branca
Vamos imaginar a saudade americana
Entrançar a poesia ao ponto para mais,
Treinar respirações, chocolate e o limão.

Nestes dias de puxar e chupar o sim
Vamos brindar no escuro das águas
Habituar o medo a mijar só no poste
Reconhecer os pedidos da escuridão.

Nestes dias de orquídea e troco – se sinal
Vamos encostar a alegria à parede, exigir dela,
Compensar a liberdade com coca-cola,
Infestar-nos bolas e rosa, essa antiga ousadia.

(2013)

Sem comentários:

Enviar um comentário