quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Segunda São Paulo

Caminha-se da rua até ao céu. Também no céu tem cidade. Não se pára demasiado porque os minutos são quentes, e os homens estão vermelhos, e uma das sedes que a noite de ontem escolheu dá para enganar.
Vê-se com pés e com a língua o labirinto não guarda Minotauro - uma menina fechada em apartamento para ser feliz, vendo cena de filme feliz.
Não se percebe nada nem se vai perceber nunca - uma demissão instantânea-irrevogável da intelectualidade - até porque depois da passadeira tem tudo. Tem explicações dos filósofos em desespero, tem dança contida perdendo a vergonha, tem a locução da morte a soar a morte, tem os vidros espantados pela gota que cai. Tem senhoras com medo do sangue, muito azuis, tem gabinetes de reinvenção de país e nenhum mapa. Tem sotaques fardados, inúteis riquíssimos, murais emigrados, muita cama de chão. Tem gelo apimentado pela espera, tem curtíssimas emissões de Deus para anunciar que foste tu a descobrir o mundo novo, palerma!

Caminha-se da rua até ao céu, de elevador, de avião, de abraço, de carteira, de explosão e de jangada, de árvore antiga, de limonada com nome sem limão. Da rua até ao céu, mas sem roteiro.

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