quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Itaim

O meu bairro não grita nem se esconde, é intimo. Dá para dançar bastante, mas não se dança. Dá para caminhar bastante e caminha-se. Dá para virar quase lar e está quase.
O meu bairro sabe de dinheiros, coisas importantes e chatas, mas guarda horas-sexta-feira-feliz em todas as esquinas. Tem um rapaz das flores que precisa de muitas linhas para dizer, tem sobe e desde bom dia, boa noite, tem cinemas, e gelados, e Milan Kundera. Acho que não tem cartão postal – não é o estilo.
Cheira a México, Japão, Marrocos e mais. Tem pão muito quente e um barbeiro que me dá muito medo por não ser o meu. Tem americanas para nos socorrer a qualquer hora, e encontra-se demasiadas farmárcias para tanta saúde. 
O meu bairro tem letras para as canções, noivas tem, bancos e bancos também. Tem decoração para enganar casais felizes e para fotografar mulheres-maduras-sofisticação. Tem um pouco a mania, é verdade. Mas é bom. Quanto mais brinca de ser Europa mais é Brasil.

(2012)

Sem comentários:

Enviar um comentário