sábado, 9 de novembro de 2013

Coisas largas


Sempre quis dizer coisas largas, 
para poder caminhar em areia quente ,
e voar no meio da discussão, 
e fazer crer nas sombras chinesas.

Sempre quis fazer da árvore outra coisa, 
para trazer as sardas aqui ao pé, 
para esconder o ciúme no ranco mais alto,
para deixar o destino viver. 

Sempre quis olhar além do quintal, 
para comer pão com ovo , proibidíssimo, 
para descobrir as tensões de novo escuro, 
para calar o recreio exagerado.

Sempre quis gostar dos bichos, 
Para reconhecer olhos de ternura,
Para abraçar sem medo de partir,
Para escovar as migalhas do sonho. 

Sempre quis mandar no batalhão,
Para usar só a voz e o gesto,
Para salvar quem quisesse ser salvo,
Para ir dormir com certezas e depois.

Sempre quis aparecer ao teu lado,
Para ouvir os sussurros sem querer,
Para sentir o pulo de veia em veia,
Para confundir o pão, a água e a tarde.

Sem comentários:

Enviar um comentário