Cidade com gosto a pó de concreto – São Pó – e ferrugem – Sem dó.
Contrário das águas.
Coisa feia habituada a conquistar os fáceis, assim eu. Boca seminua
mordendo meu sonho escancarado, porta-karaoke-vazio, sala cheia, letra que só
Caetano-esquina para achar.
Ainda cortas mato para fugir de ti mesma, trepando, correndo, girando, a
arranhar o céu porque conheces o inferno e não tem ar condicionado.
Quando rebolas para a Vila, apavorada de mel, cais no choro, e aí cais
risada. Choves a cerveja mais competente, o gosto amargo mais gostoso, a
vitória gritada em russo soando francês.
Enganas em brilho para fingir luz, puta, em luz para fingir calor, puta.
E ali, da matéria superado, te bato, te estrangulo, cuspo e me salvo prometendo
voltar a ver-te só na tarde seguinte.
És lembrete de que estamos sozinhos e somos muito e tudo acaba depois de
nós. É última estação do que anda em roda.
(2012)
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