quarta-feira, 6 de novembro de 2013

São Paulo Segunda Segunda

Cidade com gosto a pó de concreto – São Pó – e ferrugem – Sem dó. Contrário das águas. 
Coisa feia habituada a conquistar os fáceis, assim eu. Boca seminua mordendo meu sonho escancarado, porta-karaoke-vazio, sala cheia, letra que só Caetano-esquina para achar. 
Ainda cortas mato para fugir de ti mesma, trepando, correndo, girando, a arranhar o céu porque conheces o inferno e não tem ar condicionado. 
Quando rebolas para a Vila, apavorada de mel, cais no choro, e aí cais risada. Choves a cerveja mais competente, o gosto amargo mais gostoso, a vitória gritada em russo soando francês.
Enganas em brilho para fingir luz, puta, em luz para fingir calor, puta. E ali, da matéria superado, te bato, te estrangulo, cuspo e me salvo prometendo voltar a ver-te só na tarde seguinte.

És lembrete de que estamos sozinhos e somos muito e tudo acaba depois de nós. É última estação do que anda em roda.

(2012)

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