O André veio de um tempo
anterior, com um sorriso-mel e todos os dinossauros.
Era dessa estirpe
desaparecida dos muito sensíveis, muito atentos, dos muito permeáveis à vida
como ela deveria ser.
Era um forasteiro sem
fisga nem arco, era um príncipe. Mudou a minha vida e voltou a baralhar todos
os jogos do recreio. Esteve nos moralismos absolutos, nas batalhas pela
justiça, nos primeiros copos, nas horas que não passavam. Caminhamos às voltas
do quarteirão passos bastantes para uma volta à Europa. Um dia ganhamos um
prémio, fomos à capital da dita. Vimos no metro a rapariga mais bonita de
sempre e concordamos. Discordamos muito a propósito de coisas que não me lembro
e partilhamos sonhos que ainda hoje nos confortam os pés no fim do dia.
Não somos Batman e
Robin, nem o Bucha e o Estica. Somos os melhores amigos. Como dois D. Quixote
sem Sancho Pança.
(2012)
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