domingo, 10 de novembro de 2013

Noite de verão

Noite de verão – a gente nem olha
Mas sobe, perfuma a língua, escorre espelhos.
Não é noite noite porque não termina.

Dispensa lua e flores, disfarça medos,
Não tem chão nem precisa.
Senta-nos no desejo a naufragar.

Diz que a primavera é tia cigana
E que o destino só é metade maré.
Se nos devolve uma prece, silencia.

Se nos abraça com força, fecha os olhos,
Acredita que somos imortais por vício,
Prolonga beijolências suicidas.

Cheira os açucares da terra inteira,
Parece que chegou da festa primeira.
Perdoa-nos a roleta e tanto amor.

(2013)

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